sábado, 26 de janeiro de 2013

Poemas de Gregório de matos

Gregório de Matos
Buscando a Cristo

A vós correndo vou, braços sagrados, Nessa cruz sacrossanta descobertos Que, para receber-me, estais abertos, E, por não castigar-me, estais cravados. A vós, divinos olhos, eclipsados De tanto sangue e lágrimas abertos, Pois, para perdoar-me, estais despertos, E, por não condenar-me, estais fechados. A vós, pregados pés, por não deixar-me, A vós, sangue vertido, para ungir-me,

A vós, cabeça baixa, p'ra chamar-me A vós, lado patente, quero unir-me, A vós, cravos preciosos, quero atar-me, Para ficar unido, atado e firme.

À CIDADE DA BAHIA  

    Triste Bahia! Ó quão dessemelhante 
    Estás e estou do nosso antigo estado! 
    Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado, 
    Rica te vi eu já, tu a mi abundante. 
    A ti trocou-te a máquina mercante
    Que em tua larga barra tem entrado 
    A mim foi-me trocando, e tem trocado, 
    Tanto negócio e tanto negociante. 
    Deste em dar tanto açúcar excelente 
    Pelas drogas inúteis, que abelhuda 
    Simples aceitas do sagaz Brichote. 
    Oh se quisera Deus, que de repente 
    Um dia amanheceras tão sisuda 
    Que fôra de algodão o teu capote! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário